23 de julho de 2020

A. Confidentes.

Texto autoral de Raissa D'Assunção em 22/05/2010

Era uma tarde de terça-feira.

Estava sem fazer nada, não tinha mais nenhuma aula na faculdade. Ela nunca mais tinha-o visto, nem ele a ela. Nem por um momento de longe. Se falavam muito pela Internet, até que ele propôs continuar essa amizade na "vida real", como deveriam ser antes da tecnologia. Como são muito amigos, ela então toma a iniciativa e liga para ele. Ele atende.

- Tais fazendo o quê?
- Nada. E você?
- Nada também, estou livre da facul.
- Ah, vem pra cá, a gente conversa, toma uma...
- Não vou incomodar?
- Não, 'vemtimbora' menina!
- Então tá, jajá chego aí.

É uma casa. Ela já sabia. Assobiou. Ele atendeu ao chamado. Entraram, se acomodaram e começaram a conversar besteira. Mas claro, começando com o famoso "E aí?". Conversa vai, conversa vem, fofoca rola, histórias surgem, confidências rolando... entre uns goles e outros, ficaram alegres demais. Felizes, no brilho como alguns dizem... [...]

Ele tenta beijá-la, mas ela resiste. Tenta de novo, ela demora cinco segundos para resistir. Tenta mais uma vez, e ela o diz que preferiria que não acontecesse, pela amizade. Tinha medo de que se acontecesse, a amizade não ficasse a mesma, ou que acabasse de uma maneira não muito agradável, enfim, existia alguma coisa que a dizia para não ir em frente com aquilo.

Ele diz que a respeita e que vai ficar na dele. Assunto resolvido até então!

Passam-se algumas horas, e já estavam alegrinhos demais. Até que o silêncio se tornou mais barulhento do que imaginariam que fosse. Os olhares pensantes, as mãos nervosas, o suor chegando, as bocas nervosas indo ao encontro uma da outra, e então se beijam.

Enquanto se beijavam, ela não pensava em mais nada, só naquele momento, mas cogitava que aquilo seria um problema pois, poderia se viciar naquela droga. O beijo era bom, era saboroso, era como se nunca tivesse beijado antes, algo incomum que mesmo sem o sentimento por ele, ela conseguia sentir o coração palpitar e as famosas borboletas no estômago dançavam frevo.

Desde então não conversaram sobre o assunto, e foram levando na normalidade como se não influenciasse em nada na amizade que tinham e mantém até hoje.
Amigos podem ser amantes?
Amigos podem ser confidentes da própria confidência?

Amizade é algo que pode ser extraordinário.

Repostado: retirado dos rascunhos deste blog que há muito estava parado. 

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